Como montar um treino de corrida eficiente

O Brasil é bastante propício à prática de corridas, em especial pela demanda dos alunos que desejam fazer exercícios ao ar livre, em parques, praças, praias etc, em horários extremos – bem cedo ou bem de noite -, além de ser esta uma modalidade barata e democrática, o que tem colaborado para um aumento significativo de provas e de interessados nessa modalidade esportiva.

Academia não é pra todo mundo. Quem é estressado e já enfrenta dificuldades com trânsito, estacionamento, deslocamento etc, mas tem um parque perto de casa e um par de tênis, vai preferir correr. Outro motivo que atrai novos praticantes é o fator competição, que leva as pessoas a se comprometerem com a prática da atividade física para se apresentarem em uma data específica: é a analogia do atleta que existe dentro dela. Muitas precisam desse objetivo forte para se manter na prática da atividade física e ao identificar esse tipo de motivação, o profissional de educação física consegue trabalhar melhor com as perspectivas de seus alunos.

Corrida: treinar para poder treinar

O profissional de educação física sai da faculdade preparado para prescrever o treinamento de corrida de forma pontual, sem um preparo específico quanto à técnica de corrida e também como periodizar as cargas de treino para que o estímulo seja eficiente e seguro. O que o profissional de educação física vê na faculdade é muito genérico. Ele tem que se especializar porque corrida tem lógica técnica, além de intensidade, planilha do programa de cada aluno, periodização, correções com exercícios coordenativos ou educativos etc

Alunos sedentários e já “iniciados” no treinamento de corrida demandam os mesmos cuidados, porém “com mais ênfase na técnica e na periodização, com o aumento do condicionamento do aluno. Com o iniciante, nossa preocupação está em fazê-lo correr corretamente, enquanto que com os avançados está em fazer com que ele cumpra sua planilha correndo de modo certo.

A orientação do que ingerir antes de cada corrida também pode ser feita pelo treinador: sair em jejum é crime! No jejum, o corpo vai queimar musculatura e o treino acaba sendo ineficaz. Sempre é recomendável  que os atletas comam carboidratos, que têm digestão rápida e serão usados como combustível para aquele exercício, como pães e frutas, mas evitem proteína. Proteína tem que ser consumida depois do treino porque é repositora. Sempre brinco que o corredor deve tomar um lanche leve e, depois de treinar, pode tomar um café da manhã mais completo.

Treino de corrida: sem receita pronta

Na hora de prescrever um treinamento de corrida, o personal trainer deve se lembrar de que treinar todos os dias é possível, desde que o volume e a intensidade do exercício não sejam sempre altos, mas deve ficar atento às demandas de cada um de seus corredores. O olhar apurado sobre cada aluno também é importante para perceber quais são as suas necessidades. Pode-se usar o check-up do aluno para ajustar um programa de treino personalizado, recomendando o fortalecimento, já que algumas pessoas podem estar um pouco mais pesadas e, caso comecem a correr, terão mais propensão a desenvolver lesões de joelho, tornozelo etc. Todo mundo precisa de orientação. Correr por conta própria é perigoso. Você começa a fazer algo que é bom e prazeroso, mas às vezes sua saúde e fisiologia podem estar seguindo na contramão desse prazer, podem sair prejudicadas.

Para estimular o atleta, pode-se lembra-lo que ao iniciar um treinamento de corrida orientado, todo o organismo vai sofrer mudanças – para melhor. O metabolismo aeróbio, cardiovascular e neuromuscular saem beneficiados e os profissionais indicam ainda que, além de treinar, a musculação faça parte da rotina do atleta ao menos duas vezes por semana, porque o músculo tira a sobrecarga e com o passar dos anos, perdemos massa muscular. Os alunos devem ser informados ainda de que um programa de treinamento de corrida só começa a dar certo após 21 dias de prática e cada vez que o aluno supera seus próprios desafios, como ir malhar em dia de frio, chuva ou calor intenso, ele marca pontos consigo mesmo. Nos âmbitos pessoal e profissional, os alunos podem ser conquistados por meio dos benefícios que o treinamento de corrida lhes proporciona, como: mais disposição na vida e no trabalho; bom humor, pois quem corre é mais feliz ; maior rendimento no trabalho; maior capacidade de superar desafios; maior capacidade de trabalho em equipe etc.

Tipo de pisada e escolha do tênis certo

Assunto ainda “polêmico”, já que causa discussões entre profissionais de corrida o tipo de pisada de cada atleta e a escolha do tênis mais propício para cada aluno ainda dividem opiniões. O calçado pode ser escolhido de acordo com o tipo de terreno no qual a prática da corrida será realizada, sendo que há no mercado opções tanto para o asfalto quanto para terrenos acidentados. Os tênis estão sempre evoluindo e podem ser rientados pelo tipo de pisada. O treinador com bom olho biomecânico converserá com seu aluno e perceberá como ela pisa e qual sua necessidade para não fazer escolhas radicais que possam interferir e comprometer a saúde do atleta. Sobre as vestimentas usadas para correr,   elas devem ser escolhidas em função do clima, mas são indicadas que são desenvolvidas para corrida, independentemente de frio ou calor. Se você usar uma roupa desenvolvida para aquele esporte, não vai errar.

Assessoria esportiva em corrida como negócio próprio

Muitos profissionais de educação física interessados em trabalhar com corrida veem na assessoria esportiva uma perspectiva de sucesso. Para dar início ao próprio empreendimento, o profissional tenha em mente que vai se transformar em um empresário e precisará pensar como tal. Antes de começar qualquer ação, ele deve se perguntar: tenho um negócio em potencial ou uma ideia na cabeça? Aí sim poderá partir para um plano de negócio bem elaborado e com estratégias definidas que vai posicionar sua assessoria no mercado e valorizar seus produtos. Poucas pessoas correm apenas por correr e que o treinador tem que ter experiência para juntar pessoas, ajuda-las a fazer mais amigos e aumentar o network por meio dos treinamentos de corrida. Na hora de incentivar os alunos a participarem de provas, além de correr junto, segundo o consultor, o profissional deve apresentar variadas opções para incentivar o atleta, desde aquelas com caminhadas e menores distâncias para os iniciantes, quanto as maiores, de cinco, dez quilômetros. Só é preciso ter cuidado porque tem gente que sofre muito com as grandes distâncias e essa relação de prazer e sofrimento deve ser bem equilibrada para que ele não desista de correr.

Para finalizar,  quem quer trabalhar com corrida de rua ou montanha busque conhecimento de forma contínua: “os cursos de extensão e capacitação oferecidos no mercado são boas opções”; observar os profissionais experientes no assunto para ver como trabalham e porque usam aquele método; “tem que correr por obrigação. Como ensinar algo que não se tem?”; e procure um mix de conhecimentos prático com técnico/científico para ser um profissional bem-sucedido.

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