Condromalacia Patelar em Corredores
A síndrome da dor ou desordem fêmoro-patelar acomete tanto os corredores que o diagnóstico das também conhecidas como condromalácia patelar, instabilidade patelofemoral ou tendinite patelar ganharam o apelido de "joelho de corredor". Trata-se de dores nos joelhos, resultado de degeneração da cartilagem atrás da patela (ou rótula), em contato com o fêmur (osso da coxa). O apelido só não faz justiça porque a incidência também é grande entre jogadores de futebol, tenistas e ciclistas.
É o problema nº 1 dos corredores com dores no joelho, mas não é o fim do mundo. A condromalácia é chata de tratar, mas é controlável e pode, se bem acompanhada, conviver com treinos e provas.
Se você sente algum incômodo enquanto corre ou mesmo em descanso, ou ouve barulhos, sente fricções, como se estivesse faltando óleo no motor de seu joelho, é hora de procurar um especialista, pois talvez você tenha condromalácia patelar. Trata-se de uma inflamação seguida de amolecimento da cartilagem articular que, se não tratada logo, poderá evoluir e tornar-se grave, levando à incapacidade do joelho.
A condromalácia da patela (antiga rótula) é uma lesão da cartilagem articular deste osso devido ao excesso das forças de cisalhamento ( "atrito" ) entre a patela e a porção distal do fêmur durante ou após esforços repetitivos de flexão do joelho. O sintoma mais comum é a dor atrás da patela, especialmente nas subidas ou durante longos percursos com pedaladas lentas. O cisalhamento se dá devido à ação dos músculos anterior da coxa (o quadríceps) que força a patela contra o fêmur para poder estender a perna no momento da marcha. Tal compressão é maior no início da extensão. A presença de um mau alongamento da musculatura isquiotibial (posterior da coxa) é um agravante do quadro.
Isso acontece porque o joelho já foi exposto a exageros nas corridas ou em outras atividades que provocaram microtraumas por repetição. Ou porque, já fora de seu movimento normal (em instabilidade ou lateralização), o conjunto articular sofre com o desequilíbrio de forças entre os músculos laterais e mediais da coxa, e também por causa do chamado joelho para dentro (valgo) — diagnosticado de oito a dez vezes mais em mulheres, por causa do osso do quadril mais largo.
A condromalácia patelar apresenta diferentes estágios, conforme o grau de degeneração da cartilagem: amolecimento, fragmentação ou fissuras, até a erosão ou perda total. Por isso há necessidade de consulta clínica imediata, ainda no início das dores. Se o atleta insistir, as fissuras na cartilagem podem expor os ossos à fricção, aumentar consideravelmente as dores e causar inchaço no joelho afetado. O tratamento cirúrgico é o último recurso, pois causará limitação da atividade esportiva.
Causas
• trauma por fricção crônica de força excessiva aplicada ao joelho
• evolução agressiva dos treinos e insistência em atividades com dor
• joelho valgo, conformação do quadril no sexo feminino, pronação acentuada dos pés, tênis inadequados
• trauma por impacto local ou estágio precoce de artrose
Sintomas
• dores acentuadas, à frente e ao redor do joelho, ao correr, subir e descer escadas ou agachar
• estalos ou crepitação, audíveis, ao esticar ou flexionar o joelho
• dor ou ardência ao permanecer com o joelho flexionado por cerca de 30 minutos
Tratamento
• interrupção da corrida e repouso
• gelo, anti-inflamatórios, analgésicos e fisioterapia para redução da dor e regeneração dos tecidos
• fortalecer toda a musculatura da coxa, em particular o quadríceps e os internos da coxa (vasto medial e oblíquo)
Prevenção
• com dor, interromper a corrida e buscar tratamento
• reforçar músculos para equilibrar forças na corrida
• manter fortalecidos a panturrilha, o posterior, a lateral e o quadríceps na coxa
• fazer alongamentos nos dias sem corrida
• evitar manter o joelho flexionado a mais de 90 graus
• manter peso relativo à altura, atenção à corrida em declives e ao uso de tênis corretos e até de salto alto
• observar boas condições de uso dos tênis de corrida e seu tipo de pisada
Retorno à corrida
• após equilibrar a força das pernas compor meio de musculação
• quando não mais sentir dor ao:
dobrar os joelhos ou esticar completamente a perna
caminhar e correr em linha reta, com viradas acentuadas e em "8"
pular com o joelho tratado ou com ambas as pernas
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